terça-feira, 27 de março de 2012

As vozes em livro, uma edição Pastelaria Studios: a capa e a sinopse




Sinopse: Esta obra reúne uma parte dos muitos textos redigidos por alunos dos 2º e 3º Ciclos da Escola Básica André de Resende, em Évora, ao longo do ano letivo 2011/12, e ainda textos de meninos do Brasil. É uma resposta ao desafio lançado pela Pastelaria Studios: este convite à escrita é o fruto de uma escrita livre aceite por crianças e jovens que gostam de escrever, que serão o futuro do país, que serão os nossos futuros escritores.
São vozes.
As vozes da lusofonia, as vozes das vivências e experiências.
Expectativas, esperança e interrogações. 
Vozes dos costumes e tradições, amores e paixões, 
Riscos desenhados em forma de letras, letras de quem escreve o que sente e o que vive.

domingo, 25 de março de 2012

Estudamos na Escola Básica André de Resende

     Somos um grupo de alunos que temos em comum três coisas: estudamos na escola André de Resende, a professora de Português é a mesma e vivemos em Évora. Este texto é uma espécie de manta de retalhos, porque foi elaborado por todos nós. Explicando melhor: todos fomos convidados a escrever um pequeno texto sobre Évora e, no final, fomos retirar o melhor que cada um tinha, e portanto, resultou naquilo que aqui apresentamos! É um texto que engloba muitas visões, vontades, múltiplos sentimentos e diversas opiniões. E porque a união faz a força, acreditamos que este texto coletivo será bem melhor por ter tido tantas mãos, cabeças e ideias na sua génese!
     Património da Humanidade quer dizer um bem que é de todos, do mundo inteiro! Évora, uma cidade que é de todos e que é de cada um de nós! Que bom que é viver numa cidade que é uma verdadeira pérola, aqui mesmo no centro do Alentejo, uma região de longas planícies e que, em tempos que já lá vão, foi conhecida como «o celeiro de Portugal».
     Outros conhecem-na ainda por ser cidade-museu. Muitos são os turistas que nos visitam ao longo do ano inteiro e, invariavelmente, todos visitam o coração da cidade, a Praça do Giraldo, o Templo Romano, a Sé catedral, o Palácio de Dom Manuel, a Capela dos Ossos, a Universidade de Évora e tantos outros. Nós, que cá vivemos, também já os visitámos dezenas de vezes e, cada vez que o fazemos, descobrimos sempre alguma coisa que nos escapou na visita anterior. Mas não é só nos monumentos que se encontra a beleza e o encanto de Évora, é nas suas gentes, nas suas ruas estreitas e antigas, carregadas de histórias, na sua gastronomia e, sobretudo, naqueles pormenores que um olhar mais atento não deixa passar: a vista da cidade do Alto de São Bento, ao fim da tarde, as janelas escondidas da casa de André de Resende (o patrono da nossa escola), o pôr do sol daquelas intermináveis noites quentes de verão numa qualquer varanda da cidade, os plátanos centenários, as casinhas de cal branca como a neve, o cheirinho do verdadeiro pão caseiro acabado de sair do forno a lenha, e as inúmeras igrejas que nos apelam a momentos de silêncio e de uma enorme paz interior.
     Pisamos todos os dias as pedras centenárias que fizeram a história da cidade e, quase sem darmos conta, convivemos com as muralhas mais bonitas que até hoje se construíram, para nos protegerem dos inimigos e dos impiedosos! Calcorreamos o centro da cidade e, antes de dobrarmos a esquina para o Teatro Garcia de Resende, ainda damos um saltinho à pastelaria Violeta para saborearmos aquilo que a nossa gastronomia tem de melhor: as queijadas de Évora.
     De manhã, levantamo-nos com as badaladas da Sé e depressa chegamos à escola e já o toque lá vai indo. Aqui na escola, pela manhã logo cedo, damos asas à nossa imaginação e ao nosso sentir, acompanhado do olhar atento e cheio de adjetivos da professora! Sobrevoamos a cidade mais linda de Portugal e do alto alcançamos uma vista única da cidade de Évora: a NOSSA!


8º B
8º D
7ºG

 
Nós, os jardineiros!

Chegámos ao fim de dois anos, dois longos anos de trabalho! Passámos bons e maus momentos, mas o balanço é muito positivo!
Reconhecemos que errámos nalgumas coisas: na pontualidade e na assiduidade! E com isto demos muitos cabelos brancos ao Prof. João Amante! E se ele ler este texto, saiba que lhe estamos muito agradecidos pelo que fez por nós e devemos-lhe um pedido de desculpas...
E agora vamos continuar em frente, na esperança de boas perspetivas e com o olhar no futuro. Levamos a Escola André de Resende no coração, aos professores, aos colegas e aos funcionários aqui fica um grande obrigadão!


Texto coletivo do 2º JEV

quarta-feira, 21 de março de 2012

D. Alegria da Ribeira

                                                 D. Alegria da Ribeira, Mariana Carmona

         Permanecia imóvel. Seria imaginação minha?  Uma senhora idosa que parecia tentar sorrir para mim.  Em todos os movimentos que fazia lembrava-me da minha bisavó. O sorriso subtil que lançava era como o despertar das flores na Primavera. Tinha o cabelo branco como a neve.. A testa, um refúgio de ideias . O seu rosto, tão inocente… Dominado pelas rugas que a vida lhe impusera. Estas, cada uma contava uma história, um sofrimento ou derrota, uma alegria ou uma simples vitória…
Tinha os olhos verdes, grandes…através deles percorria-se o Universo. Notava-se o brilho no seu olhar delicado e profundo. Levantava as sobrancelhas como se quisesse que eu fosse ter com ela. O nariz tentava impor-se perante o resto, como uma menina empoleirada na janela. Não muito pequeno, cercado pelas bochechas que lhe davam feição. Tudo em si me fazia querer aproximar. Porém, as roupas pretas, o olhar profundo que me pôs a pensar, afastou-me. Olhei de novo, parecia querer fazer-se ouvir, manifestar. Toda ela muito quieta, não reagia. Que fazer? Eu avancei. Logo me alcançou a mão, na qual senti um frio arrepiante. Permaneci firme, recordando antigos momentos de harmonia.
Amável, bondosa e generosa…era assim que os meus olhos a viam.

Nicole Antunes
8ºE 

A Escola de hoje

     Hoje em dia, pensamos que existe um acentuado facilitismo que envolve grande parte das instituições de ensino público portuguesas, razão pela qual certos alunos com possibilidades económicas procuram melhorar as suas competências dirigindo-se para escolas estrangeiras, como é o caso das inglesas ou americanas, entre outras que existem nos grandes centros. A sociedade depara-se com um grave problema que terá consequências a longo prazo devido à facilidade com que os alunos progridem academicamente, sendo que não se formam cidadãos competentes para posteriormente ocuparem cargos com responsabilidade e exigência.
      Na nossa opinião, dever-se-ia acabar com os testes adaptados, exceto em casos clinicamente apontados, pois esse tipo de facilidades não contribui para que os alunos evoluam academicamente e para que encarem a vida social e académica com empenho e esforço, o que trará consequências negativas para o futuro. Em termos profissionais, estes indivíduos não estão habituados a lidar com situações de exigência e de adversidade. Outra medida que achamos que poderia contribuir para uma melhoria no ensino era que a escolaridade obrigatória fosse apenas até ao 9º ano, já que nessa altura muitos estudantes já têm noção do que realmente querem e alguns poderiam começar a trabalhar, pois muitos não gostam da escola e sentir-se-iam mais úteis desempenhando uma profissão.
      Outra sugestão para a melhoria do sistema é que, todos os meses, se elegesse e premiasse o melhor aluno da escola e, no fim do ano, realizar-se-ia uma eleição a nível nacional, de forma a promover o espírito de competitividade e suscitar um maior interesse pelo estudo e aumento de empenho por parte dos indivíduos que farão avançar o “mundo de amanhã”.
       A carga horária devia diminuir, evitando criar-se uma aversão à escola e aumentando, assim, o tempo livre. Se isto acontecesse, os alunos conseguiriam ter mais atividades extracurriculares com a finalidade de enriquecerem as suas vidas e de “desanuviarem” da pressão escolar.
       Em jeito de conclusão, a escola está a diminuir o nível de exigência. Com o objetivo de contrariar tal facto, é necessário exercer medidas que combatam esta situação, começando, desde já, com o fim do facilitismo. Só assim a escola contribuirá para uma sociedade melhor e para a formação de cidadãos mais empenhados e responsáveis.

Carolina Martins e João Lima
8º E

Os quadros da sala de aula

          
          Por regra, todas as salas de aula têm um quadro. Aqueles quadros verdes, cor amarga, nos quais se escreve com giz. Aqueles quadros que todos os professores adoram, ou adoravam. Agora também há aqueles brancos…
           Não percebo porque não gostam dos quadros verdes antigos, até porque não se partiam, rachavam, e muito menos faziam aquele barulho irritante para toda a gente. Pensaram pois muito bem em pôr aqueles quadros brancos que se mexem com uma caneta. Para mim, foi uma excelente ideia, até porque é tão fácil e todos os professores sabem trabalhar com eles.
          Uma coisa que eu gostava nos quadros antigos era que, para começar a dar a aula, o professor só tinha de fechar as janelas, puxar as cortinas e acender a luz para que todos pudessem ver; mas não, decidiram trocar essa curta espera por uma espera muito, mas muito maior: ligar o computador, ir à Internet para mostrar a página do livro e esperar que a caneta carregue; depois é só mudar a cor da caneta e tentar pôr a borracha. Onde é que já se viu?!
         Os alunos odeiam os quadros brancos porque se perde muito tempo de aula. Reparem bem na deceção da cara de um aluno quando vê que o computador não funciona ou que a caneta não escreve. Eu sou contra isso, os alunos a esforçarem-se arduamente para chegar a horas à sala, para depois estarem à espera do quadro?!
          Eu resolvia o assunto! Não era cá com quadros brancos ou verdes, eu dispunha os alunos por clube de futebol. Os benfiquistas ficavam com um quadro vermelho, os portistas com quadros azuis e assim sucessivamente… Eu, só não gastava dinheiro em quadros do Sporting, eles que mudassem para o Marítimo que já se arranjava qualquer coisa.
         Todos ficariam contentes: enquanto os alunos estavam à espera, debatiam o jogo da noite passada e os professores concordavam.
          Para mim, este era o sistema mais correto. As aulas seriam dadas com maior motivação. Estes quadros, cobertos de plástico para não fazerem barulho e de aço, para não se partirem, seriam a nossa salvação! Não era cá quadros verdes e brancos…

Nicole Antunes,
8º E


A Lua

Por definição: um astro,
Satélite natural da Terra,
Mais pequena, de cor branca
E separada por milhares de quilómetros.

A Lua, feita de queijo para alguns,
Insignificante para outros
E com admiradores de todo o sempre,
É indefinida.

A luz com a qual adormecemos,
E que até há pouco tempo, eu também não ligava,
Ilumina-me agora cada passo que dou,
A cada palavra que proclamo.

Penso na sua luz quando estou feliz,
Emociono-me a olhar para o céu.
Guia-me durante a noite
E nos sonhos mais sensíveis.

É a Lua,
A nossa Lua,
Aquela que nos dá um abraço quando mais ninguém o faz,
Que se apercebe que não estamos bem
E sem proclamar uma única palavra,
Faz com que nos sintamos melhores.

Nicole Antunes
8º E

O coração é tudo aquilo que nos define!

O coração

Comete loucuras,
Actos não pensados,
Processa as instruções do cérebro
E desobedeces-lhe determinado.

Sem ele não vivemos,
Sem ele não existíamos,
É ele que forma o nosso carácter
E define a nossa personalidade.

Sente coisas, jamais sentidas por outro órgão
Bate forte por aquela pessoa especial,
Diz coisas sem dizer
E faz paisagens magnificas.

É destroçado, e sem piedade,
Destroça todo o corpo.
É o nosso ponto fraco,
Aquele que nos deixa dias sem dormir.

Cientificamente, tem uma definição.
Para mim, algo que em nada se enquadra à realidade!
Não é um órgão, é o órgão:
Aquele que nos conta as mais belas histórias,
Aquele que nem sempre entendemos,
Mas sabemos que tem sempre razão.

Deixa-nos imóveis,
Por vezes tristes…
Para compensar, talvez,
Enche-nos de alegria e amor
nos melhores momentos.

É a base de todas as nossas decisões,
As más, as boas, as apaixonadas.
É algo essencial à vida,
Algo que por mais que tentemos,
Não podemos esquecer e retirar dentro de nós.

O coração sente amor, amizade,
Ódio e decepção.
O coração sente as melhoras coisas nos piores momentos.

É Rebelde:
Por vezes, ouvimos um ‘É melhor não!’
E contra todas as leias da física,
Lá fazemos o acto proibido.

Traz zangas, paixões,
Amores eternos e jovens.
O coração prepara-nos para a vida!

Distingue o bem do mal…
O certo do errado
E percebe, numa linguagem própria,
O que o cérebro se esforça para explicar.

O coração é tudo aquilo que nos define!

Nicole Antunes
8º E

Voltam as sombras

Voltam as sombras,
Obscuras, não mostrando o quão frágeis são
Tropeçam umas nas outras,
Com pressa de chegar.

O sentimento começa a invadir-nos
O vento a mudar-nos
Os pássaros cantam tranquilamente
E nós nem damos conta.

No nosso mundo tão preenchido
Ignoramos a chuva,
O olhar e o sorriso
Ou o sol de manha.

Tão distantes de nós, pensamos,
O que valeria?
Um sofrimento, uma dor,
de nada poderia ajudar
E desistimos.

Quando não sabemos onde estamos,
Como aconteceu ou o que sentir
Refugiamo-nos no nosso canto
Tão pequenino e seguro.


A realidade insiste sobre nós,
E tão determinados a ganhar a luta da vida
Empurramo-la para longe
E observamo-la até às linhas que definem o horizonte.

Sem fundamento ou glória,
Dignidade escassa e rasgada de marcas
As más decisões ,
Aquelas que tomámos há uns tempos
Voltam até o sol se pôr.


E por vezes, é esse o problema
Ficamos a ver o Sol,
Tão perto e fácil de alcançar
Pondo brilho aos nossos olhos

Versos soltos assim o são,
Tal como a vida, um papel ou um simples sapato
De tudo precisamos, mas há uma altura
Em que o desprezo nos ganha e também nós desprezamos.

À noite, quando tentamos fechar os olhos,
Lá vêm os mesmos pensamentos,
As mesmas lágrimas ou alegrias…
Relembramos os momentos mais cem vezes,
E só depois a nossa alma esta satisfeita

Acordamos, e o tempo de liberdade acabou,
O tempo em que podíamos correr nas nuvens,
Ir a Marte e ter aquele alguém que queremos
Acaba.

O pensamento volta, aquele pensamento
que fez com que adormecêssemos mais tarde a noite passada,
como pode ser a cereja no bolo
e a maçã envenenada nalguns momentos.


Nicole Antunes
8º E

A dormir ou acordado

No mundo imaginário
Tudo pode acontecer
Desde gansos a uivar
E lobos a miar.

Cada um vê o que sente
Desde azul o sol
E vermelha a lua
A noite colorida
E o dia vestido de luto
O céu verde
E a terra a erguer-se violeta.

O que eu sinto
A pessoa ao meu lado não sente
O que eu vejo
A pessoa ao meu lado não vê.

A imaginação é uma bola de sabão
Frágil no seu ser,
Mas difícil na sua composição.

É complicado definir o intocável
Cada um imagina-se de uma maneira especial
Com o seu próprio surreal.


A minha realidade
Pode ser o irreal de alguém
E pode existir também,
Quem, a dormir ou acordado
Partilhe o seu mundo com outros.

Carolina Santos Martins
8º E

Ninguém sabe

Ninguém sabe responder
Ao porquê da existência,
Ao porquê do medo,
Ao porquê do mundo.

Cada um vive
Em função das invenções e das crenças
Que ouviu em criança.

Mas ao crescermos queremos descobrir
O porquê do querer descobrir
O porquê de falarmos
Ao porquê de escrevermos,
Assim, um dia mais tarde
Podemos explicar o que outros não conseguiram.

Ninguém consegue desvendar os segredos
E mesmo que se descubra algo
Não se descobre o porquê da descoberta
E vai sempre existir dúvidas,
Que nem mesmo o destino consegue resolver
Talvez este nem seja real…
Não há provas.



Iremos sempre morrer inconcretizados,
De uma maneira ou de outra,
Quer procuremos as respostas quer não,
O racional vai sempre dar lugar às ilusões.

Podemos até perguntarmo-nos o que é a morte
Sem ser o ciclo da vida,
Mas com que finalidade,
Se nunca obteremos resposta?

Porque nos importarmos
Quando nada se importa connosco?

Ninguém soube
Ninguém sabe
Ninguém saberá.

Limitamo-nos apenas
A seguir os padrões
Que outros que se importaram em impor.
E ao pensar que ultrapassamos algo,
Estamos apenas
A abrir outra pergunta à ignorância humana.



Carolina Martins
8º E

segunda-feira, 19 de março de 2012

Alentejanos os campos ardentes

Alentejanos os campos ardentes
por onde ventos brandos calorosos
apartam das memórias ao que antes
controlavam os Mouros temerosos
(os caminhos floridos verdejantes)
que mais tarde fugiram furiosos
quando Afonsos e Sanchos conquistaram
a terra que mais tarde sublimaram.

Pelos pomares lindos, elegantes
pássaros esvoaçavam majestosos
com a agitação de asas, incessantes
poisam nos altos ramos sibilosos:
suas penas descansam reluzentes
com os seus corpos quentes, ferverosos
esperando que as noites envelheçam
e que as manhãs depressa reacendam.

E as enormes pereiras, alto se erguem
Por entre os campos verdes bem regados
flores lindas a terra seca encobrem
debaixo de um Sol quente agasalhados
onde os bons frutos verdes que recrescem aumentam
e se tornam muito mais coloridos
começam as colheitas prolongadas
das melhores pereiras semeadas.

Acolhidas por um Sol encarnado
crescem parreiras lindas e viçosas
o calor escalda, o vento arrufiado,
fustigando as uvas bem gostosas.
E quando clareia o imenso céu azulado
e as uvas roxas se exibem airosas,
começa a vindima Alentejana
famosa a norte e a sul do Guadiana.

Rodrigo Nogueiro
9º C

quarta-feira, 14 de março de 2012

Monte alentejano, um regalo para os sentidos

                                 Monte Alentejano, Eduardo Salvação Barreto

          Maravilhosa a paisagem alentejana,  as belas cores das flores: o vermelho, o branco, o verde cor da natureza, as suas formas, a casa campestre, as árvores centenárias com os ramos balançando à sombra das nuvens esbranquiçadas no céu. Quando me deito para olhar para as nuvens,  toco nas flores macias, na relva lisa e na terra molhada.
Sinto o cheiro das flores que vem até nós com uma ajuda do vento; choveu, caíram das nuvens umas gotinhas sobre as plantas, agora predomina um cheiro agradável. Quando fechamos os olhos, ouvimos os insetos a voar, o vento a soprar, suave e relaxante, enfim, é música para os nossos ouvidos e então os pássaros cantam um canto maravilhoso, alegre, bonito e deslumbrante. 
5ºG


segunda-feira, 12 de março de 2012

O Alentejo

Mesmo antes do Algarve,
o Alentejo encontramos
e é sobre ele,
que agora falamos!...

Bonitas e limpas praias,
de água transparente
mas encontras variados campos,
que te vão maravilhar certamente!...

Debaixo de sobreiros, oliveiras e azinheiras
podes descansar e comer
à frente encontras uma vista,
que vale a pena ver!...

Variedade na gastronomia,
no Alentejo podes saborear
desde as migas à sopa da panela
todos são fáceis de cozinhar!...

Nesta visita
o artesanato não pode faltar,
peças feitas e barro ou loiça
com lindas pinturas a enfeitar!...

Neste belo território
a história também deixou a sua marca,
monumentos do tempo dos romanos
até ao último monarca!...

E aqui acabamos a visita
a uma província que vale a pena conhecer,
venham visitar o Alentejo
que muito vão aprender!...

Alice Neves
Susana Ramos
5ºC

O que é o Alentejo?

Um dia fui ao Alentejo
e perguntei a um senhor:
O que é o Alentejo
diga-me por favor!?

- O Alentejo são
os campos esplendorosos
com ribeiros incríveis
com sobreiros maravilhosos.

- E sobre o tempo
não  tem nada para dizer?
Diga-me, senhor
que eu quero saber!?

- O tempo muitas vezes está quente
e a chuva é muito leve
à noite cai geada
mas nem sinal de neve!

- É só isso o Alentejo?
não há muito mais para contar,
lembre-se de mais alguma coisa
para me dela falar

- O  Alentejo não é só isso,
Mas o resto conto-te mais tarde
Agora vai brincar
Com os meninos da tua idade! 


Madalena Ramalho  
Mafalda Tanganho 
5ºC

sexta-feira, 9 de março de 2012

A nossa escola


        

          Diz-se que a nossa escola vai ser «reconstruída», todos os anos se diz: «agora é que é!», mas ainda não foi. É da crise... Mas quando a escola nova estiver pronta é assim que ela vai ser:
         A nossa nova escola tem uma entrada com um enorme portão, sempre aberto, e umas escadas que nos levam à aprendizagem extrema e à pura diversão.
        As salas são novas e bonitas de diferentes tamanhos: salas pequenas e acolhedoras para trabalharmos em pequenos grupos e salas grandes, espaçosas, arejadas e climatizadas, frescas no verão e quentes no inverno. Há um grande auditório com grandes bancadas e um palco onde os nossos artistas podem ensaiar para mais tarde brilharem.
         O nosso ginásio é enorme, tem balneários com várias cabines de duche com espaço para os alunos se vestirem e, ainda, casas de banho em número suficiente. Existe material em quantidade e qualidade, não está à vista, porque há um espaço próprio de arrumação, fora do ginásio. Há um sistema de segurança para que não haja roubos. O ginásio também tem uma aparelhagem de som de elevada qualidade para as aulas de Educação Física.
        Na nova escola há um bom campo de jogos, com um bom piso e com excelentes cestos, arcos e bolas de basquetebol para jogarmos, quando jogamos usamos coletes de várias cores para distinguirmos as equipas.. Temos também uma carrinha que nos transporta quando há jogos fora da escola.
      Há ainda quatro campos de futebol, exteriores e interiores, com balizas de rede resistente e postes preparados para os grandes remates, e ainda linhas marcadas ao longo do campo. Quando jogamos futebol, temos funcionários a vigiar os jogos para que os mais velhos não possam tirar-nos de lá. A iluminação é ótima, é fundamental no inverno, quando escurece mais cedo, por isso, temos painéis solares para alimentarem os holofotes. Todo o campo de jogos é rodeado por uma proteção em rede alta para evitar que as bolas saiam do recinto. Quando há grandes partidas, os nossos espetadores sentam-se nas enormes bancadas, em forma de anfiteatro.
       Temos um ginásio próprio para dançar com um espelho sem fim, as paredes estão enfeitadas com grafitis de hip-hop para dar «aquele estilo» que adoramos. O piso é de madeira lisa para não nos magoarmos quando caímos. Em cada canto da sala, há uma coluna de som para se ouvir melhor cada tom.
     A papelaria tem uma entrada aberta como se fosse uma loja. Tem material de grande qualidade, cadernos de todos os tamanhos e feitios, lápis, canetas, borrachas de todas as cores e os livros que utilizamos nas aulas vendem-se lá. 
      Na reprografia há muita arrumação e muito espaço, as funcionárias são agradáveis e há sempre música a tocar! Existem máquinas que nos fornecem o que nos é necessário para os estudos.
       E falemos do bar: é enorme! Tem muitos funcionários simpáticos para nos atenderem, muita variedade de alimentos: sumos naturais de fruta variada, há chá, café, leite e iogurtes, sanduíches de diferentes tipos de pão, com queijo, fiambre, paio e com um bocadinho de manteiga, como se diz por aqui, a fugir! 
       E a cantina? A cantina é um espetáculo! Muita iluminação natural, com grandes janelas, mesas e cadeiras em quantidade suficiente para todos os que a frequentam. Existem muitos carrinhos de recolha de tabuleiros que facilitam o trabalho das senhoras funcionárias. A alimentação é cem por cento saudável, variada e rica em nutrientes, há sempre uma bela sopa, muita salada, muita fruta e pãozinho a acompanhar, às vezes temos direito a um doce saboroso, e em dias de festa até podemos comer uma pizza!
        Esta é a nossa  escola!
6ºB
                  
             

A minha escola

      Nós andamos na escola André de Resende, somos o 6º F. A escola situa-se no Bairro dos Álamos, em Évora. É aqui que convivemos com os nossos colegas mas, sobretudo, onde pomos os nossos conhecimentos à prova.
     No nosso dia-a-dia vemos pessoas a passar pela escola, ouvimos pessoas a gritar e a falar... a rir. Nos intervalos podemos brincar e conversar com os colegas.  Na escola gostamos de brincar com os nossos amigos, nos intervalos nós jogamos futebol, ao berlinde, às escondidas e à apanhada (aqui no Alentejo dizemos «ao apanha»). Nos intervalos divertimo-nos à brava.
      Quando regressamos às salas, ouvimos o som da Natureza, o canto dos pássaros. 
       A sala de aula é o único sítio onde não podemos brincar, mas às vezes brincamos aprendendo.
      Do que não gostamos na escola é quando nós vamos almoçar e as coisas não correm bem. Às vezes há longas filas e os mais velhos passam-nos à frente, mas o pior é quando o Sr. Sérgio nos manda para o fim da fila, porque estávamos a brincar! A comida do refeitório não é lá grande coisa...
      Também não gostamos do facto de a papelaria fechar à hora do almoço e o campo de futebol não ter balizas.
        As nossas aulas são produtivas, às vezes divertidas e engraçadas. Os professores são simpáticos, mas nem todos têm paciência para nos «aturar»! E no fim do dia voltamos para casa, sabendo que regressamos no dia seguinte.
          A nossa escola promove variadas atividades, como por exemplo: os Jogos Matemáticos, os concursos Eu li... Eu sei!, o So...letrar e o Spelling, o Parlamento dos Jovens, programa que nos leva à Assembleia da República.
          Este ano, no fim do segundo período, a nossa escola organiza uma semana de atividades de várias disciplinas,  é a Semana Cultural. Nós gostamos muito desta semana de atividades, porque é uma maneira divertida de aprender.
          Esta é uma escola básica, tem alunos do 2º e do 3º Ciclos, mas nós gostávamos que ela fosse uma escola Básica e Secundária, assim poderíamos frequentá-la até ao 12º ano sem ter de mudar de escola.
          A escola vai ser demolida, pelo menos dizem que sim, já é antiga e precisa de melhorar as suas condições. Esperamos que venha a ter casas de banho com mais higiene, salas de aula arejadas, com grandes janelas e construídas de forma a terem uma boa temperatura no verão e no inverno, e uma cantina com uma comida variada, boa e saudável. Gostávamos que o pavimento da escola fosse liso, para que quando caíssemos não nos magoássemos tanto, queríamos também ter umas balizas novas, com redes de qualidade, no campo de futebol para podermos jogar à vontade.
          A nossa perspetiva de futuro é conseguir ter boas notas e melhorar a nossa capacidade de aprendizagem enquanto alunos. Pensamos que a nossa escola nos ajuda muito e temos a certeza de que  vai continuar a ajudar-nos na formação do nosso futuro.
    

A minha escola


Venho todos os dias para a escola
comigo trago a sacola.
De manhã, à chegada, é demais...
já não precisamos de entrar com os pais!
Uf! Não cheguei atrasada!
Ando sempre tão preocupada!
Na minha escola há muita simpatia,
professores, alunos e funcionários são uma alegria!
Mas às vezes é uma gritaria,
pois andamos numa correria!
Na minha escola gosto de estar
pois aqui posso rir, correr e brincar!
Enquanto os professores vão à reprografia
os alunos andam pelo bar, pela biblioteca e papelaria.
Na minha escola eu cresci
ando cá há um ano e já muito aprendi!
Sem saber, todos os dias somos avaliados,
não damos por isso, porque nunca estamos calados!
A época dos testes está a chegar
e nós, claro, temos de estudar.
Mas pelas boas notas esperamos,
por elas muito trabalhamos!

5ºG

segunda-feira, 5 de março de 2012

O Alto de São Bento

Eu sou o José.
A minha quinta fica situada ao pé do alto de São Bento, onde eu vivo.
No sítio onde eu vivo, de todas as janelas vejo árvores, ervas e flores. Há muitas azinheiras, oliveiras e pinheiros. No meu pátio existe uma azinheira muito grande e bonita e ainda tenho algumas árvores de fruto como laranjeiras, limoeiros e romãzeiras.
Tenho três amigos especiais que são os meus cães e com eles brinco, dou festinhas e trato deles. Os seus nomes são: Pintas, Pipoca e Pico.
Tenho muitos sítios para brincar e para me esconder com os meus irmãos e primos. Nesta quinta também há um charco, onde eu e os meus primos vamos apanhar girinos e ver cobras a nadarem. Às vezes fico com os pés cheios de lama e a minha mãe não gosta nada.
Durante o dia vejo pombos, pardais, pegas e garças a comerem e à noite coelhos e lebres a correrem muito velozes.


José Luís Leal da Costa
5ºG   

A vista da janela do meu quarto

          Olá eu sou o Diogo, tenho onze anos e moro no Bairro S. José da Ponte em Évora. O meu bairro está em crescimento, por isso neste momento estão a construir muitas casas perto da minha.
Quando fui para lá morar, via da janela do quarto dos meus pais o MARE, que é o mercado abastecedor da região de Évora, e via também toda a estrada e os terrenos em volta com cabras e ovelhas que são de um vizinho meu, até já comi queijinhos que a esposa do meu vizinho faz e são muito bons.
            Há pouco tempo construíram o Aki mesmo em frente da minha casa, é um edifício muito grande e já não consigo ver a estrada e os terrenos em volta.
            Da janela do meu quarto via só descampado e agora vejo a construção de casas novas que estão a fazer, também vejo a quinta do meu vizinho que tem parreiras, oliveiras e laranjeiras, mas ainda consigo ver os quintais e as casas dos meus vizinhos.

Diogo Reis
5º G

Da minha janela

Da minha janela consigo ver muitas coisas, como flores de várias cores, gatos, cães, andorinhas, pombos e, às vezes, as crianças a brincar.        
Gostava que da minha janela conseguisse ver o mar, uma grande quinta e muitos e variados animais de muitas formas.
            Foi aqui que nasci, foi aqui que me habituei a viver e a brincar, adoro esta rua, não quero sair daqui, porque o meu sonho realizou-se: ter uma rua linda como a minha.
Alexandra
5ºG

Vivo em Évora no bairro dos Álamos

Vivo em Évora no bairro dos Álamos, o bairro mais próximo da escola que frequento, a Escola André de Resende. Gosto de viver aí, pois quando me levanto para ir para a escola só preciso de dar alguns passos para lá chegar. Outra razão para eu gostar de lá viver é porque alguns dos meus amigos habitam também nesse sítio.
Um aspeto muito positivo deste bairro é que existe uma pizzaria quase em frente da minha casa e, por isso, vou lá comer muitas vezes. Existe também uma espécie de relvado onde eu jogava à bola quando era mais novo.
Outro lugar de que eu também gosto muito em Évora é do centro da cidade. Gosto de me encontrar lá com os meus amigos e damos umas voltas. Depois, vamos sempre ao Papa-Sandes comer qualquer coisa e ficamos a conversar.

Luís Ramalhosa
 8ºE 


Onde eu costumo estar



Este jardim não se situa propriamente na minha rua, mas sim no meu bairro, e é desse jardim que vos vou falar.
Neste jardim é onde eu costumo brincar, andar de bicicleta, passear a minha cadela, onde tenho recordações da minha antiga cadela. É aqui que eu tenho crescido e aprendido muita coisa, como novos jogos, estrear as minhas bicicletas novas. Esta é a relação que eu tenho com esse jardim.
É um jardim muito grande e a erva está sempre molhada, é por isso que dá jeito a rampa de cimento liso, gigantesca. Dantes esse jardim tinha um parque infantil onde eu passei a minha infância quase toda, até ir para o colégio, que acho que foi nessa altura que o tiraram de lá para fazerem uma rampa de skate e um espaço em cimento liso com cestos de basquetebol para jogarmos. Mesmo pegado ao jardim há um campo de futebol onde acho que nunca entrei, o que é muito estranho.
Eu adoro brincar neste jardim e é por isso que lhe chamo  «o meu jardim».          
Beatriz Pombo
 5º G

O rafeiro alentejano



O meu cão é um rafeiro
Um rafeiro com “pedigree”
É um rafeiro alentejano
Que às vezes parece que ri!

Eu gosto do meu cão
Ele é muito lambão
Chega a tirar-me do talego
O meu belo pedaço de pão!

O meu cão vive no monte
Na casinha do meu avô
Corre atrás das ovelhas
Esconde-se na seara
Mas quando eu chego
E grito: Maioral
Vem para o meu aconchego!

Alunos do 6º D 

sexta-feira, 2 de março de 2012

A velocidade

Às vezes ponho-me a pensar e a observar a vida das pessoas. De todas as pessoas. Na vida das crianças, dos jovens como eu e dos adultos. E vejo que toda a gente anda a uma velocidade estonteante.
Os pais correm para deixar os filhos nas escolas e continuam a correr, depois, para os seus empregos, onde a corrida continua para poderem fazer todos os trabalhos que têm de fazer nesse dia. Continuam a correr ao sair do trabalho para irem ao supermercado, fazer almoços e jantares, levar os filhos às atividades, buscar os filhos das atividades, arrumar tudo a correr, tomar as refeições a correr, ajudar nos trabalhos de casa... Às vezes conseguem arranjar um bocadinho de tempo para perguntarem aos filhos se está tudo bem com eles, se a escola vai bem…
Os filhos são deixados nas escolas depois de se levantarem a correr e tomarem o pequeno-almoço a correr. Entram na escola a correr, mas às vezes, em algumas aulas, o tempo parece passar não tao depressa! Mas continuam a correr de umas aulas para outras, de atividade para atividade, correm para a fila do bar, para o ginásio, para o almoço e, ao fim de cada dia, correm para as atividades extracurriculares. E, finalmente, correm para casa, onde estudam a correr e fazem os trabalhos de casa a correr, porque ainda têm de ter tempo para ver televisão ou ir ao computador… mas depressa, pois o dia seguinte é dia de aulas e … ainda temos de ter algum tempinho para dormir (nem que seja a correr!) e descansar – coisa imprescindível nesta idade, dizem os pais.
É tanta a informação e tanta a oferta de coisas para fazer, são tantas as possibilidades de ocupação que não sabemos bem para onde nos havemos de virar e nem tempo temos para pensar muito sobre isso, porque às vezes a oportunidade já passou.
Descobri que quando penso em alguma coisa alguém já o pensou antes de mim. Descobri também que não há muitas coisas que nos possam surpreender, tal é a quantidade de informação e de imagens e de novidades com que somos bombardeados a toda a hora (guerras, gente ilustre que parece sempre feliz, gente infeliz que parece ter tudo para ser feliz, fomes, doenças, epidemias, desavenças entre vizinhos, assaltos na rua do lado, cataclismos, tragédias, catástrofes, casamentos felizes, descobertas científicas, a cura para a doença x, a crise, a energia, a camada de ozono, …), é tudo tão rápido, o mundo corre tanto a cada momento que nem temos tempo para assimilar o que acontece e podermos compreender o que realmente de importante se passa à nossa volta.
Quem parece ter tempo são apenas os velhotes, pois a esses já falta a capacidade física de se poderem deslocar a grandes velocidades e por isso ficam ali, parados no tempo como quem tem todo o tempo do mundo, à espera de qualquer coisa que parece já não existir nesta sociedade loucamente veloz em que vivemos.
Como seremos nós no futuro, quando formos adultos, nós que crescemos numa sociedade onde a capacidade de viver a alta velocidade é uma condição para ter sucesso? Nós que não estamos habituados a pensar, a refletir, a saber esperar. Nós, que reagimos apenas ao que nos é pedido, e de uma forma quase mecânica, automática.
A que nos conduzirá esta velocidade no futuro?

Vasco Mendes
9ºB

Ai quem me dera...

Ai quem me dera…
Voar no ar
E passear alegremente à beira-mar

Ai quem me dera…
Brincar ao luar
E ver as estrelas lá no alto a brilhar

Ai quem me dera…
Gostar do que vivi
E lembrar-me apenas de quando sorri

Ai quem me dera…
Dançar ao amanhecer
A dança da amizade a crescer

Ai quem me dera…
Ter imaginação a crescer
E saber o que mais escrever.

Cristina Carvalho
 9ºB

O direito a sonhar


Nasci adulto:
pronto a trabalhar.
Trabalho para comer,
trabalho para brincar.

Por vezes dou-me ao luxo de sonhar:
vou para o mundo onde sou rei
até que a fome comece a apertar.
Aí, volto a trabalhar.

A minha vida não é fácil,
mas… considero-me feliz!
Viverei até amanhã,
terei a vida que sempre quis.

No entanto, estou contente.
Tenho uma família,
um teto para pernoitar…
E quando acordar amanhã
será com desafio no olhar.

Esta é a minha vida,
a realidade é assim…
Pode não ser amiga, mas
um dia, terei a vida que sempre quis!  

O meu maior sonho é sonhar,
quando e onde quiser,
sem ter de me preocupar
com irmãos para alimentar!

Farei da minha imaginação
a minha única profissão;
encararei tudo com um sorriso
e esquecerei o que me fez sofrer…

Vivo nesta luta constante,
a de nunca desistir
dos direitos que me pertencem
e parecem não existir!

Não tenho um nome,
não tenho identidade.
Tenho o grande sonho
de existir igualdade.

 Helena Carvalho
 9ºE  

Reivindicação

Para que o mundo seja correto
Toda a a criança tem de ser feliz:
Ter uma família, comida, um teto
E voar alto como sempre quis.

Um dia, lá no futuro,
Todos teremos educação.
Isso faz-se com trabalho duro,
Com empenho e dedicação.

Não me julgues pela cor,
P’la aparência ou religião,
Pois somos todos iguais.
Abre-me o teu coração!

Eu posso não ser perfeito,
Mas ainda assim quero viver!
O mundo tem de me ajudar:
Feliz eu mereço ser!

A liberdade não requer idade:
É ter com quem partilhar.
Exige, sim, responsabilidade,
Ser de confiança e confiar.

Tenho direito a opinar
Sobre o que vejo, vivo e sinto.
Tenho direito a acreditar
Nas cores com que o mundo pinto!

Posso querer um telemóvel,
Roupinha nova p’ra passear…
Mas aquilo que eu preciso
É de quem me ponha a pensar!

Pensar numa nova realidade,
Num mundo onde quero crescer,
Onde impere a felicidade
E as plantas não temam nascer.
                                     
Sim, porque o mais importante
É do planeta cuidar.
Comecemos pelas crianças,
Que ninguém deve explorar.

Texto Coletivo
Alunos da turma 9.ºE
                                                  
                                         

Um sonho em Évora

Saí de casa. Estava cheia de pressa. Tinha de ir comprar urgentemente o Auto da Barca do Inferno que a professora tinha mandado comprar para a aula desse sábado e, se não chegasse à papelaria em cinco minutos, não o comprava. Aí, seria “orelhada” atrás de “orelhada”, ou melhor: seria um desfilar de puxões-de-orelhas-verbais (“Então onde é que ficou a responsabilidade?!”, “Eu não esperava isso da menina, sempre tão certinha e responsável!”, etc., etc., etc.!!..).
Desci as escadas a correr e assim continuei na rua, absorta nos meus pensamentos. Mas qual não foi o meu espanto quando subitamente vi… o Parvo!, Sim, era mesmo ele, o Parvo! Sim, Joane, o Parvo, o mesmo Joane brincalhão e sempre crítico do Auto da Barca do Inferno! Lá estava ele, sentado num dos ramos de uma árvore, a falar com as andorinhas, pedindo-lhes que não se fossem embora. Pelos vistos, Joane partilhava comigo a preferência pela primavera, o tempo das brisas leves mas não geladas do nosso inverno, do sol quentinho mas não escaldante que temos no verão, da festa mágica da profusão de cores e cheios e sons da natureza que desperta após a sonolência invernal.
Pelo que pude perceber, dizia-lhes o quanto gostava delas e adorava ouvi-las cantar:
- Por favor, fiquem, minhas belezas do oásis alentejano –dizia ele.
Cheguei-me à sua beira e atrevi-me a perguntar-lhe:
- Joane, que fazes aqui? Não tinhas encontro marcado como Diabo e o Anjo em Lisboa’ Para o julgamento…
Ele retorquiu:
- Não! O julgamento é só na sexta-feira 13, sua tola! Pensei que as moçoilas como tu, as de agora, sabiam tudo! Afinal, samica sejam também um pouco baralhentas da cabeça, como eu! AH, Ah!
Apercebi-me de que apenas eu o conseguia ouvir, pois as pessoas que por mim passavam olhavam-me de um modo estranho. Afinal, quem estava a fazer figura de parva era eu! Mas não fazia mal! Não era certamente todos os dias que se encontrava ao virar da esquina – ou melhor, ao pular da árvore – a nossa personagem preferida! E eu ali estava, a ver e a falar com Joane, o Parvo, ao vivo e a cores! Era surreal! Pedi-lhe então:
- Parvo, desce daí. Para além de te poderes magoar, quero conhecer-te melhor, ver-te mais de perto,…
Ele adotou uma atitude de espanto e desconfiança:
- Que interesse tens tu em conhecer samica alguém? Eu não sou ninguém, nunca fui! De valor, só tenho as minhas ideias – e essas ninguém as quer conhecer – e a minha voz crítica, e esta, às vezes é um bocadinho irreverente. Ah!, mas penso que tu sabes que eu sei que ambos sabemos que as palavras podem ter mesmo muito valor, ou então valor nenhum, depende dos ouvidos que as ouvem, e esses às vezes são surdos que nem uma porta, sobretudo se o que ouvem não lhes interessa  ouvir, ou porque são criticados ou porque de tão tolos que são os seus donos nem se apercebem das figuras de parvo que vão fazendo pela vida, julgando que a importância está nas roupagens que vestem, na criadagem a quem dão ordens ou das moedas que têm nos bolsões!
- Eu bem sei que tu tens razão, Joane! Há por aí tanto parvo sem saber! E é mesmo por essa tua simplicidade que te quero conhecer. Anda, desce daí e vamos sentar-nos em qualquer lado a conversar.
– Mas tu queres mesmo conhecer um parvo?
- Olha, parvos já conheço eu muitos. O que eu quero é conhecer-te.
- Mas olha lá que eu tenho muitos pecados, não devo ser muito boa companhia!... Às vezes até digo uns palavrões!...
- Na minha modesta opinião, penso que não és nenhum pecador. Vá lá, desce daí e vamos até ao Café Arcada comer uma queijadinha de Évora, que são deliciosas. Já provaste alguma?
- Ainda não. Se calhar, é capaz de ser uma boa ideia! Achas mesmo que eu não sou um pescador?
- “Pecador”, Parvo! Diz-se “pecador”!
E lá fomos ambos, pela arcada fora, falando e rindo dos trocadilhos que conseguíamos ir fazendo!


Ana Roma
 9ºE